Múltipla (Transcendental) Poem by Bernardo Almeida

Múltipla (Transcendental)

Ascende em mim o incontrolável desejo
De profanar a tua incólume beleza
E apresentar-te as taras que me convém
Apedrejando os censores da tua libido

Busco em ti a força que divide céus, mares e terra
Que resplandece diante da avidez da carne
Sem a clausura tão comum dos corações castos
Miseráveis na vida e na morte, na abundância e na escassez

Molha, como uma cascata, aquilo que pulsa dentro de ti
E fecha os olhos, sem dormir, de todos os pudores
Faz brotar em ti uma nova alma que recolhe tristezas
E as lança fora, para longe, sem emitir ruídos de saudade

Esqueça o mundo incolor e insípido em que vivias
Posto que dorme enterrado no solo úmido do prazer
Enxugando as lágrimas que inocentemente derramavas
Por desconhecer a magia energicamente reparadora de um orgasmo

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