Não foste breve na minha noite
nem tangível como as faúlhas brancas do poema
o abismo onde se escorrega livremente
é o pássaro das coisas intensas
motor do vento
o momento.
Sou estrangeiro à vulgar felicidade dos homens
torço as palavras
castigo o corpo do poema
e danço generalizadamente quando escrevo
mostro as mãos quotidianas
orquídeas em flor abertas no lençol do sonho
ou nuvens sentadas à porta dos instantes
pequenos milagres
assombrações para um corpo
que alguém tem de encontrar na posição correcta
uma janela com um coração virado para o mar
a casa por dentro
e uma porta de música
para abrir e fechar sem pensar nisso.
Nada mudou sobre os arcanos do tempo
na saliva com que se mata o último beijo
vejo as ruínas do homem breve
e o primeiro gato
que salta sobre os ombros da madrugada
à dentada.
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