Nasci num tempo em que o tempo
Era mais lento a passar
Em que nada acontecia
Entre o sol e o luar
Passavam meses e anos
Mudavam as estações
Era tudo o que mudava
O resto, só ilusões...
Cresci num tempo em que o tempo
Era um martírio passar
Foi um tempo em que o futuro
Era morrer ou matar
Passavam as pombas brancas
Lá no alto, pelo ar
Sem fronteiras nem prisões
Que as pudessem sufocar...
E mais tarde, já crescido,
Quando aprendi a pensar,
Percebi que as pombas brancas
Tinham mesmo que pousar
Foi um dia glorioso
Numa clara madrugada
Que as pombas foram pousando
Nos canos das espingardas
Foram pombas, foram cravos
Foi um povo todo unido,
Convicto e deslumbrado
Que jurou não ser vencido
Tudo mudou de repente
Veio a esperança enluarada
Veio outra forma de vida
Que aos poucos ficou mudada
Foram tantas as mudanças
Que o tempo, esse acelerou
Foi passando, foi mudando
E uma pomba ou outra voou
Amadureci num tempo
Em permanente mudança
Quanto mais mudanças vejo
Menos sinto a confiança
Vivo num tempo em que o tempo
Não faz mais do que passar
Tudo muda, nada muda
Apenas muda o mudar
E as pombas brancas que voam
Têm receio de poisar
Porque não haver fronteiras
Não deixa de as sufocar.
Jan.2012
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