Paraíso Poem by Tamara Robalo

Paraíso

A brancura intocável da escuridão, mas sensível aos corpos anónimos que se tocam debaixo do néon, como algas entrelaçadas na maré da meia noite.
O tabaco.
A bílis,
O lixo humano mesclam-se e dançam ao vento na poeira soturna.
A emoção penetra e o corpo sucumbe.
Vénus,
Marte,
os sexos.
Impacto de estrelas cujo resíduo se dispersa para sempre no espaço.
A dor.
Um vazio inquietante deixado pela fome saciada e o álcool deslizando na promessa de mais.
Crianças cujos olhos reluzem,
hipnotizadas, são empurradas e levadas para longe,
perdidas para sempre num oceano de êxtase,
para nunca mais voltar.
Olhares expectantes cruzam-se na imensidão pálida do luar.
Uma surdez momentânea.
Procura-se o que sobrou de nós,
do que éramos antes, com medo,
os olhos cegam-se, nada mais vemos senão brilho.
Subimos em direção às luzes como aberrações de circo,
não somos nada,
senão a orgásmica sensação de ser algo,
desinteressados,
caminhantes sem destino,
nada existe senão o momento que perdura na eternidade e beija o infinito.

Thursday, November 12, 2015
Topic(s) of this poem: eternity
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