SIBILAS Poem by Sophia de Mello Breyner Andresen

SIBILAS

Sibilas no interior dos antros hirtos
Totalmente sem amor e cegas.
Alimentando o vazio como um fogo
Enquanto a sombra dissolve a noite e o dia
Na mesma luz de horror desencarnada.

Trazer para fora o monstruoso orvalho
Das noites interiores, o suor
Das forças amarradas a si mesmas
Quando as palavras batem contra os muros
Em grandes voos cegos de aves presas
E agudamente o horror de ter as asas
Soa como um relógio no vazio.

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