1.
É-me indiferente: poeta, poetisa
dependerá do ritmo ou da medida -
prefiro tradutora, mas admito
que por vezes não dobro e sou narcisa.
2.
A minha primeira poesia era
sobre chuva e choro. Hoje seria
prosa, ou sobre chuva e a pólvora:
chove fora viola o vento o vidro,
a rua nunca é como os prospectos -
O meu bilhete ao mundo, espeto-o
com delicado verbo ao coração.
Rebenta, murcho músculo entupido -
mil vezes fosse a vida a excepção.
3.
se o rigor do verso não visa qualquer prova
senão procura -
ou provar o que seja de sabor.
Se não escrevo por encomenda
senão por ventura serôdia
4.
posso posar, certamente,
para a máquina fotográfica,
moldar a boca ao disparo ou regular
a abertura ao diafragma. Dependente
do papel revelador -
modelo artista presa, sou como todos:
as vidas que não toco interessam-me
num desequilíbrio de voracidade e avareza.
Antes ainda assim me conheçam de vista
que de revista.
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