Antônio Gonçalves Dias

Rating: 4.67
Rating: 4.67

Antônio Gonçalves Dias Poems

I

Enfim te vejo! — enfim posso,
Curvado a teus pés, dizer-te,
...

Quanto é grato em terra estranha
Sob um céu menos querido,
Entre feições estrangeiras,
Ver um rosto conhecido;
...

My homeland has many palm-trees
and the thrush-song fills its air;
no bird here can sing as well
as the birds sing over there.
...

I

No meio das tabas de amenos verdores,
Cercadas de troncos — cobertos de flores,
...

Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,
De vivo luzir,
Estrelas incertas, que as águas dormentes
Do mar vão ferir;
...

I

O céu era azul, tão meigo e tão brando,
E a terra era a noiva que bem se arreava
...

Pensas tu, bela Anarda, que os poetas
Vivem d’ar, de perfumes, d'ambrosia?
Que vagando por mares d’harmonia
São melhores que as próprias borboletas?
...

Antônio Gonçalves Dias Biography

Antônio Gonçalves Dias was a Brazilian Romantic poet, playwright and linguist. A major exponent of the Brazilian Romanticism and of the literary tradition known as "Indianism", he is famous for writing the poem "Canção do exílio", arguably the most well-known poem of the Brazilian literature, the short epic poem I-Juca-Pirama, and many other nationalist and patriotic poems that would later give him the title of national poet of Brazil. He was also an avid researcher of the Brazilian indigenous languages and folklore. He is the patron of the 15th chair of the Brazilian Academy of Letters. Biography Antônio Gonçalves Dias was born in Caxias on August 10, 1823, to Portuguese João Manuel Gonçalves Dias and cafuza Vicência Ferreira. After completing his studies in Latin, French and Philosophy, he went in 1838 to Portugal to earn a degree in Law at the University of Coimbra. There, he got in contact with the Romantic ideals and wrote his critically acclaimed poem "Canção do exílio". He graduated in 1845 and returned to Brazil in the same year. He goes to Rio de Janeiro, living there until 1854. There, he wrote the drama Leonor de Mendonça in 1846 and his first poetry book, Primeiros Cantos, in 1847. In 1848, he wrote two more poetry books: Segundos Cantos and Sextilhas de Frei Antão. In 1849 he became professor of Latin and History at the Colégio Pedro II. In 1851, he published his last poetry book, Últimos Cantos. In the same year, he travelled to Northern Brazil, planning to marry his lifelong love, 14-year-old Ana Amélia Ferreira do Vale, to whom he dedicated many of his most famous love poems, such as "Seus olhos", "Leviana", "Palinódia" and "Retratação". However, the girl's family did not allow the marriage because of Gonçalves' mestizo descent. (This inspired his famous poem "Ainda uma vez — adeus!".) Returning to Rio disappointed and with his heart broken, he married Olímpia Carolina da Costa later on, having with her a stillborn daughter. During the period of 1854-1858, he went to Europe on special missions for the Secretary of Foreign Affairs. In 1856, at Leipzig, he published the three Cantos poetry books in one volume, wrote the first four cantos of the epic poem Os Timbiras (that he would leave unfinished) and also published a dictionary of the Tupi language. Returning to Brazil, he founded the magazine Guanabara alongside Joaquim Manuel de Macedo and Manuel de Araújo Porto-alegre in 1849, and went on expeditions to Negro and Madeira Rivers, as a member of the Scientific Commission of Exploration. In 1862, he returned to Rio de Janeiro, but soon went to Europe again, searching for a treatment to his diseases. In October 1863, he went to Lisbon, where he translated Friedrich Schiller's The Bride of Messina and some poems by Heinrich Heine. After a short stay in France, he decided to return to Brazil in 1864, in the ship "Ville de Boulogne". However, the ship was wrecked on the shores of Guimarães, Maranhão. All the passengers but Dias survived the incident.)

The Best Poem Of Antônio Gonçalves Dias

Ainda Uma Vez — Adeus

I

Enfim te vejo! — enfim posso,
Curvado a teus pés, dizer-te,
Que não cessei de querer-te,
Pesar de quanto sofri.
Muito penei! Cruas ânsias,
Dos teus olhos afastado,
Houveram-me acabrunhado
A não lembrar-me de ti!

II

Dum mundo a outro impelido,
Derramei os meus lamentos
Nas surdas asas dos ventos,
Do mar na crespa cerviz!
Baldão, ludíbrio da sorte
Em terra estranha, entre gente,
Que alheios males não sente,
Nem se condói do infeliz!

III

Louco, aflito, a saciar-me
D’agravar minha ferida,
Tomou-me tédio da vida,
Passos da morte senti;
Mas quase no passo extremo,
No último arcar da esp’rança,
Tu me vieste à lembrança:
Quis viver mais e vivi!

IV

Vivi; pois Deus me guardava
Para este lugar e hora!
Depois de tanto, senhora,
Ver-te e falar-te outra vez;
Rever-me em teu rosto amigo,
Pensar em quanto hei perdido,
E este pranto dolorido
Deixar correr a teus pés.

V

Mas que tens? Não me conheces?
De mim afastas teu rosto?
Pois tanto pôde o desgosto
Transformar o rosto meu?
Sei a aflição quanto pode,
Sei quanto ela desfigura,
E eu não vivi na ventura...
Olha-me bem, que sou eu!

VI

Nenhuma voz me diriges!...
Julgas-te acaso ofendida?
Deste-me amor, e a vida
Que me darias — bem sei;
Mas lembrem-te aqueles feros
Corações, que se meteram
Entre nós; e se venceram,
Mal sabes quanto lutei!

VII

Oh! se lutei!... mas devera
Expor-te em pública praça,
Como um alvo à populaça,
Um alvo aos dictérios seus!
Devera, podia acaso
Tal sacrifício aceitar-te
Para no cabo pagar-te,
Meus dias unindo aos teus?

VIII

Devera, sim; mas pensava,
Que de mim t’esquecerias,
Que, sem mim, alegres dias
T’esperavam; e em favor
De minhas preces, contava
Que o bom Deus me aceitaria
O meu quinhão de alegria
Pelo teu, quinhão de dor!

IX

Que me enganei, ora o vejo;
Nadam-te os olhos em pranto,
Arfa-te o peito, e no entanto
Nem me podes encarar;
Erro foi, mas não foi crime,
Não te esqueci, eu to juro:
Sacrifiquei meu futuro,
Vida e glória por te amar!

X

Tudo, tudo; e na miséria
Dum martírio prolongado,
Lento, cruel, disfarçado,
Que eu nem a ti confiei;
“Ela é feliz (me dizia)
“Seu descanso é obra minha.”
Negou-me a sorte mesquinha...
Perdoa, que me enganei!

XI

Tantos encantos me tinham,
Tanta ilusão me afagava
De noite, quando acordava,
De dia em sonhos talvez!
Tudo isso agora onde pára?
Onde a ilusão dos meus sonhos?
Tantos projetos risonhos,
Tudo esse engano desfez!

XII

Enganei-me!... — Horrendo caos
Nessas palavras se encerra,
Quando do engano, quem erra.
Não pode voltar atrás!
Amarga irrisão! reflete:
Quando eu gozar-te pudera,
Mártir quis ser, cuidei qu’era...
E um louco fui, nada mais!

XIII

Louco, julguei adornar-me
Com palmas d’alta virtude!
Que tinha eu bronco e rude
C’o que se chama ideal?
O meu eras tu, não outro;
Stava em deixar minha vida
Correr por ti conduzida,
Pura, na ausência do mal.

XIV

Pensar eu que o teu destino
Ligado ao meu, outro fora,
Pensar que te vejo agora,
Por culpa minha, infeliz;
Pensar que a tua ventura
Deus ab eterno a fizera,
No meu caminho a pusera...
E eu! eu fui que a não quis!

XV

És doutro agora, e pr’a sempre!
Eu a mísero desterro
Volto, chorando o meu erro,
Quase descrendo dos céus!
Dói-te de mim, pois me encontras
Em tanta miséria posto,
Que a expressão deste desgosto
Será um crime ante Deus!

XVI

Dói-te de mim, que t’imploro
Perdão, a teus pés curvado;
Perdão!... de não ter ousado
Viver contente e feliz!
Perdão da minha miséria,
Da dor que me rala o peito,
E se do mal que te hei feito,
Também do mal que me fiz!

XVII

Adeus qu’eu parto, senhora;
Negou-me o fado inimigo
Passar a vida contigo,
Ter sepultura entre os meus;
Negou-me nesta hora extrema,
Por extrema despedida,
Ouvir-te a voz comovida
Soluçar um breve Adeus!

XVIII

Lerás porém algum dia
Meus versos d’alma arrancados,
D’amargo pranto banhados,
Com sangue escritos; — e então
Confio que te comovas,
Que a minha dor te apiade
Que chores, não de saudade,
Nem de amor, — de compaixão,

Antônio Gonçalves Dias Comments

Lucianne Fasolo 30 September 2007

He was one of the most famous Brazilian poets of all time... but I'm actually not too fond of his poems. They're too romantic to me, in a sticky kind of way sometimes, lol.

2 3 Reply

Antônio Gonçalves Dias Popularity

Antônio Gonçalves Dias Popularity

Close
Error Success