As árvores Poem by EUGENIO MONTEJO

As árvores

As árvores falam pouco, se sabe.
Passam à vida inteira meditando
e balançando suas ramas.
Basta vê-las no outono
quando se juntam nos bosques:
só as mais idosas conversam,
as que distribuem as nuvens e os pássaros,
mas sua voz se perde entre as folhas
e muito pouco percebemos, quase nada.

É difícil preencher um breve livro
com pensamentos de arvores.
Tudo neles é vago, fragmentário.
Hoje, por exemplo, ao escutar o canto
de um sabiá negro, já de caminho a casa,
canto final de quem não espera outro verão,
compreendi que em seu canto falava uma arvore,
uma de tantas,
mas não sei que fazer com esse canto,
nem sei como anotá-lo.

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