Os meus ossos estão espetados no deserto, não há um só no meu corpo que lhe escape.
Cravados todos eles na areia do deserto, uns a seguir aos outros, alinhados.
Seria absurdo falar-se de esqueleto.
A pele foi entretanto soterrada, há quem já tenha caminhado em cima
dela. Quem diria? A pele, outrora hasteada, uma bandeira, quase uma coroa.
O vento apoderou-se-me das vértebras. O próprio sol que entre elas
brilha é descarnado, um sol deserto, onde o deserto penetrou.
Talvez pudéssemos lavá-lo, este deserto, quem sabe, ou amarrá-lo,
amordaçá-lo. A pele garante o espaço, o resto logo se veria.
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