ESTACAS Poem by Luís Miguel Nava

ESTACAS

Os meus ossos estão espetados no deserto, não há um só no meu corpo que lhe escape.
Cravados todos eles na areia do deserto, uns a seguir aos outros, alinhados.
Seria absurdo falar-se de esqueleto.
A pele foi entretanto soterrada, há quem já tenha caminhado em cima
dela. Quem diria? A pele, outrora hasteada, uma bandeira, quase uma coroa.
O vento apoderou-se-me das vértebras. O próprio sol que entre elas
brilha é descarnado, um sol deserto, onde o deserto penetrou.
Talvez pudéssemos lavá-lo, este deserto, quem sabe, ou amarrá-lo,
amordaçá-lo. A pele garante o espaço, o resto logo se veria.

COMMENTS OF THE POEM
READ THIS POEM IN OTHER LANGUAGES
Close
Error Success